Descubra como a fisioterapia auxilia na recuperação do pós-operatório de diverticulite, abordando complicações e total recuperação.
Estudo de caso real de um paciente meu
A fisioterapia é uma etapa fundamental na recuperação de pacientes que passaram por cirurgias complexas, como no caso da diverticulite grave. Esse processo auxilia na reabilitação, fortalecendo o corpo após longos períodos de imobilidade e ajudando a restaurar a funcionalidade muscular. No artigo de hoje, vou compartilhar um estudo de caso (meu) detalhado de um paciente que passou por uma cirurgia de emergência devido a uma crise de diverticulite, abordando as complicações, o tratamento fisioterápico e a evolução no pós-operatório.
O que é Diverticulite?
Definição e causas
A diverticulite é uma inflamação ou infecção dos divertículos, pequenas bolsas que podem se formar nas paredes do intestino, especialmente no cólon. Esses divertículos se desenvolvem devido ao aumento da pressão nas paredes intestinais, frequentemente causado por dietas pobres em fibras, constipação crônica ou envelhecimento.
Fases e gravidades
A diverticulite pode ser dividida em duas fases principais:
- Diverticulite leve: Pode ser tratada de forma conservadora, com o uso de antibióticos e mudanças na dieta.
- Diverticulite grave: Em alguns casos, pode levar à formação de abscessos, perfurações no intestino ou obstruções intestinais, necessitando intervenção cirúrgica.
Tratamento conservador e cirúrgico
O tratamento conservador é recomendado para casos leves, envolvendo repouso intestinal, dieta líquida e uso de antibióticos. Já nos casos graves, como o do paciente deste estudo de caso, é necessária a realização de uma cirurgia para remover as partes afetadas do intestino e evitar complicações maiores, como perfurações ou infecções graves.

Estudo de Caso: A Recuperação do Pós-Operatório
O caso inicial
Meu paciente chegou até mim após ter estado hospitalizado devido a uma crise severa de diverticulite, que exigiu uma cirurgia de emergência. Durante a cirurgia, houve complicações, o que resultou em sua intubação orotraqueal e indução de coma por alguns dias. Após a melhora, ele passou pelo desmame da ventilação mecânica e teve alta hospitalar, mas ainda apresentava muita fraqueza muscular e dificuldades motoras.
Avaliação inicial e desafios
Logo após a alta, a família entrou em contato comigo para iniciar a fisioterapia imediatamente. A primeira avaliação do paciente revelou uma imobilidade acentuada e fraqueza muscular, consequências do tempo passado internado e do processo de intubação e ventilação mecânica. Além disso, ele apresentava outros problemas articulares antigos, como dores no ombro, mãos, joelhos e na cervical, que precisariam ser considerados durante o tratamento.
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Primeira etapa: Alívio das dores e fortalecimento inicial
A região da cirurgia em si estava bem cicatrizada. Então, o foco inicial do tratamento foi reduzir as dores e reverter a fraqueza muscular. As técnicas aplicadas incluíram:
- FES (estimulação elétrica funcional): Para estimular os músculos sem sobrecarregá-los.
- Ultrassom terapêutico e TENS (estimulação elétrica transcutânea): Aplicados para aliviar tensões no trapézio e nas articulações, principalmente nos ombros e joelhos.
- Terapias manuais: Especialmente para o problema na cervical e um “formigamento” para um dos membros superiores. Adotei a mobilização neural e descompressão da cervical.
- Bandagem funcional: Utilizada para melhorar a função muscular e aliviar dores articulares.
- Manobras respiratórias: Para melhorar a capacidade pulmonar, prejudicada pelo longo período de repouso no leito.
O processo foi feito com muito cuidado, já que o paciente sentia tonturas e enjoos sempre que ficava na posição sentada, algo comum em casos de imobilização prolongada.
Segunda etapa: Exercícios em posição sentada
Após vencer os desafios de tontura e enjoo, iniciamos uma nova fase, onde os mesmos exercícios de fortalecimento muscular foram realizados em posição sentada. Nesse estágio, foi possível aumentar as cargas e repetições gradualmente, sempre respeitando os limites do paciente. A gravidade agora era uma aliada no processo de reabilitação.
Técnicas utilizadas:
- Exercícios com halteres: Para fortalecer os membros superiores.
- Caneleiras: Usadas para os membros inferiores.
- Aumento progressivo de carga e repetições: Sempre respeitando o ritmo de evolução do paciente.
Terceira etapa: Ficar de pé e primeiros passos
A terceira parte do tratamento foi o momento de fazer o paciente ficar de pé e, posteriormente, dar seus primeiros passos. O processo não foi simples, pois ele voltou a sentir tonturas. No entanto, com paciência e a progressão dos exercícios de equilíbrio, fortalecimento muscular e treinos de descarga de peso, ele conseguiu evoluir rapidamente.
Exercícios aplicados:
- Treinos de sentar e levantar: Para estimular a musculatura envolvida na manutenção da postura ereta.
- Fortalecimento sem eletroterapia: Agora com exercícios livres, sem auxílio de aparelhos.
- Treinos de equilíbrio: Cruciais para ajudar na manutenção da estabilidade durante a marcha.
- Treinos de marcha: Incialmente sob apoio e também utilizando andador, posteriormente já bem melhor, sob supervisão e sem apoio.
Tabela 1 – Técnicas de Fisioterapia Aplicadas no Pós-Operatório de Diverticulite
Técnica | Função | Objetivo |
---|---|---|
FES (estimulação elétrica funcional) | Estimulação muscular | Fortalecimento sem sobrecarga |
TENS (estimulação elétrica transcutânea) | Controle de dores | Alívio de tensões musculares |
Bandagem funcional | Suporte articular | Melhora da função e alívio de dores |
Manobras respiratórias | Melhora da mecânica respiratória | Aumento da capacidade pulmonar |
Técnicas manuais, como Mobilização Neural | Melhora de dores e “formigamento” | Aumento de mobilidade |
Sedestação em leito | Desenvolver a musculatura postural | Desenvolver a musculatura postural e melhora a mecânica respiratória |
Propriocepção | Ajuda no equilíbrio e marcha | Ajuda o corpo a sentir sua posição e movimento, melhorando equilíbrio e coordenação. |
Descarga de peso | Ajuda no equilíbrio e marcha | Ensina a distribuir o peso corretamente, fortalecendo músculos e prevenindo lesões. |
Mobilidade regular | Ajuda na constipação | Ajuda na constipação |
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Importância da Fisioterapia no Pós-Operatório de Diverticulite
A fisioterapia no pós-operatório de diverticulite, especialmente em casos que envolvem complicações, é vital para garantir a recuperação plena do paciente. No caso deste paciente, que passou por uma cirurgia complexa e foi intubado, a fisioterapia desempenhou um papel crucial na recuperação da mobilidade, na reversão da fraqueza muscular e no restabelecimento da função pulmonar.
Benefícios da fisioterapia:
- Redução de dores: Com o uso de eletroterapia (TENS), Ultrassom Terapêutico e bandagens funcionais, conseguimos controlar as dores articulares e musculares.
- Reversão da fraqueza muscular: Utilização de FES (estimulação elétrica funcional) e exercícios de fortalecimento gradativo permitiram ao paciente recuperar a força necessária para retomar suas atividades diárias.
- Melhora da capacidade respiratória: Com técnicas respiratórias manuais, foi possível reverter os danos causados pela intubação prolongada e pela imobilização no leito.
- Restauração da mobilidade: Através de exercícios progressivos, o paciente recuperou a capacidade de andar e manter-se ereto sem sentir tonturas ou enjoos.
Leia também: A Importância da Fisioterapia no Pré e Pós-Operatório
Caso Bônus: Tratamento Preventivo para Diverticulite Leve
Recentemente, iniciei o tratamento de uma paciente com um quadro leve de diverticulite. Nesse caso, o foco da fisioterapia é preventivo. Estamos trabalhando para fortalecer seu corpo, evitar a imobilização prolongada e, principalmente, combater a constipação, que é um dos fatores agravantes da diverticulite.
Objetivos do tratamento preventivo:
- Melhora da função digestiva: Com exercícios e orientações posturais, estamos ajudando a paciente a evitar constipações, o que pode agravar a condição.
- Prevenção de dores e imobilidade: Mantendo-a ativa, evitamos a progressão da doença para estágios mais graves.
Considerações Finais
A fisioterapia é uma ferramenta poderosa na recuperação de pacientes pós-operatórios, especialmente em casos complexos como o da diverticulite. Este estudo de caso destaca como a reabilitação progressiva, com técnicas manuais, eletroterapia e exercícios de fortalecimento, pode transformar a vida de um paciente, permitindo sua recuperação completa. Seja no pós-operatório ou de forma preventiva, a fisioterapia oferece benefícios que vão muito além da simples mobilidade, promovendo saúde e bem-estar geral.
Pergunta para o leitor: Você ou alguém que conhece já passou por uma reabilitação pós-operatória? Como foi a experiência? Compartilhe nos comentários!
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